sábado, 19 de fevereiro de 2011

A escrivã aceitou ser revistada desde que por policiais femininas, como sugere a Lei, mas seu apelo foi ignorado 

As imagens que chocaram o país foram exibidas com exclusividade nesta sexta-feira (18) no Jornal da Band, foram feitas por ordem dos delegados Eduardo Henrique de Carvalho Filho e Gustavo Henrique Gonçalves, ambos da Corregedoria da Polícia Civil, protagonistas desse thriller imoral,. Eles foram à delegaciade Parelheiros, na Zona Sul de São Paulo, com o objetivo de prender flagrante a escrivã V.F.S.L. que acabara de livrar da cadeia um homem que supostamente deveria ser autuado por porte ilegal de arma que, em contrapartida, teria pago R$ 250 de propina à escrivã.

Quando a equipe da Corregedoria chegou, V.F.S.L., acuada, tentou entregar o dinheiro ao delegado titular. Mas já era tarde demais. Além de estar de posse das cinco notas de R$ 50, ela não conseguiu explicar por que não deu voz prisão ao suspeito por tentativa de suborno, o que seria suficiente para mantê-lo trancafiado durante alguns dias. Os delegados-corregedores sabiam de absolutamente tudo o que havia se passado minutos antes . Tinham, inclusive, informações precisas do local onde a escrivã havia ocultado o suposto suborno: dentro da calcinha.

Tudo o que aconteceu a partir desse momento foi registrado em vídeo. Durante quase 13 minutos os delegados tentaram convencê-la a se despir para passar por uma revista íntima. A acusada concordou com a revista, desde que fosse feita  por uma policial do sexo feminino, como prescreve o Artigo 249 do Código de Processo Penal. A sala onde a prisão em flagrante aconteceu estava cheia de policiais do sexo masculino e havia também duas PMs no local. Mas os corregedores foram inflexíveis. Diante da exigência da escrivã, mandaram algemá-la, jogaram-na no chão e arrancaram sua calça na marra. Humilhada, ela foi despida por colegas, no chão da sala lotada de homens.

O dinheiro da propina foi encontrado. Mas o curioso é que este exato momento não é nitidamente flagrado. Pelas imagens feitas a prova do suborno aparece por trás de um dos ocupantes da sala, o que sustenta que a gravação do flagrante pode ter sido armada. Em nenhum momento é visto a retirada do dinheiro de dentro das roupas da escrivã, como havia sido afirmado afirmado. Mas ianda, o delegado presente constatou que a prova do suborno foi obtida e o flagrante, lavrado. V.F.S.L. foi presa e até hoje aguarda a realização da primeira audiência, marcada para meados de junho deste ano, quando o caso completa o segundo aniversário do caso.

O advogado da escrivã, Fábio Guedes Garcia da Silveira apresentou uma denúncia contra os policiais à Corregedoria. Mas ambos foram absolvidos no curso de uma sindicância administrativa. Que entenderam que eles usaram "meios moderados" para a obtenção da prova. Para ele, a corregedoria agiu com corporativismo em defesa dos colegas.
Ele também fez uma representação ao Ministério Público e agora espera ver os delegados condenados por abuso de autoridade.

A ex-escrivã V.F.S.L. responde a processo criminal por concussão, que é a corrupção praticada por funcionário público. Já o processo por abuso de autoridade contra os delegados Eduardo Henrique de Carvalho Filho e Gustavo Henrique Gonçalves foi arquivado. Tanto o Ministério Público, quanto a Justiça, consideraram legal a ação dos policiais da Corregedoria.

Mesmo com o caso encerrado pela Corregedoria e pelo Judiciário, o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, mandou investigar imagens de uma escrivã algemada e revistada por policiais masculinos, em uma delegacia na zona sul de São Paulo. 

Com informações do Portal Band

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