segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

Insegurança faz taxistas selecionarem bairros de Salvador

A violência contra motoristas de táxis cada vez mais segue no mesmo ritimo do velocímetro. E por causa desta constante, alguns bairros considerados perigosos entraram em uma lista-negra da categoria. Ruas mal cuidadas e mal iluminadas, falta de policiamento facilitam a ação de crimonosos.
Salvador tem com cerca de 7 mil táxis nas ruas, que por causa dessas ocorrências, em horários noturnos, endereços como Sussuarana, Porto Seco de Pirajá e Saramandaia, Bairro da Paz, Avenida Peixe, Tancredo Neves, entre outros estão fora do itinerário do motorista que deseja voltar pra casa com tranqüilidade e o lucro do dia.
Em geral o assalto é anunciado ainda dentro do veículo pelo próprio passageiro e há ocorrências que dão conta de situações onde ao deixar o passageiro em seu destino, o taxista é surpreendido por assaltantes da localidade.  José Carlos Silva Santos, 61anos de idade e 5 cinco de profissão, já foi assaltado 2 vezes; para ele áreas como a Pituba e Amaralina também fazem parte da rota de risco. Em ambas ocorrências José Carlos foi surpreendido justamente nessas “áreas nobres” e revela que o terror psicológico  é o momento mais difícil: “a gente sabe que não deve reagir, mas drogado ou não o assaltante num susto pode atirar e nos matar, e aí como fica?”, desabafa preocupado. Colega de praça de José Carlos, Moisés Alves dos Santos, 34 anos, afirma que não só eles, mas outros motoristas também não se arriscam a deixar passageiros em locais sinistros. “Às vezes o passageiro leva a gente pra cada buraco. A gente fica apreensivo. Sei que a culpa não é do passageiro, o bairro é que é violento mesmo, mas infelizmente ele é que vai ficar no prejuízo, porque não dá pra correr o risco”, comenta.
Sem números atualizados a polícia acredita que a maior dificuldade em contabilizar esses delitos é o fato de algumas vítimas não prestarem queixa. Um taxista que preferiu não se identificar contou a nossa reportagem, que um dos motivos pelo qual a vítima não vai à polícia é o roubo é apenas da frente do toca cd ou celular, “nesses casos nem vale a pena, a polícia não vai achar nada mesmo”. Mas o motivo maior para o taxista não comparecer à delegacia é quando há ameaça de morte feita pelos criminosos. Nossa fonte revela: “já vivi isso, é um terror psicológico terrível. Pensei em parar, mas não tenho outra opção. Não fui à polícia porque tenho família pra sustentar, quero viver”, conta aflito.
Outro taxista que também foi assaltado recentemente contou que não desconfiou de três passageiros (um homem, uma senhora e uma criança de aproximadamente 12 anos). “Peguei os passageiros na Liberdade que ia para San Martins, no trajeto foi anunciado o assalto, nem podia acreditar. A gente sempre toma cuidado com pessoas mal encaradas, com mochila (...) aí vem uma senhora com criança? O que falta acontecer?”, diz surpreso.
Na feliz contramão dos assaltados estão os taxistas Jeferson Arquimedes, 41 anos, e Everton Moraes Fernandes, 32 anos de idade, 14 de profissão, que nunca foram assaltados. Eles fazem parte de um pequeno número de inexperientes no assunto. Em média Everton roda até às 3h da manhã e diz que segue conselhos dos amigos: “não fazer rota em determinados bairros e em horários de risco”.  E revela que o segredo de nunca ter sido vítima de criminosos é a proteção divina: “todos os dias quando pego meu táxi chamo por Deus e por isso ele vem me protegendo até agora”.
Já Arquimedes diz que mesmo contando com a intervenção de Deus, gostaria que o Governo também desse uma mãozinha: “Acredito que se houvesse blitz para os táxis, se as ruas fossem melhor iluminadas e o policiamento fosse mais ostensivo, inibiria um pouco a malandragem. É claro, a gente confia em Deus, mas temos que fazer a nossa parte também”, conclui.

Dayse Macedo

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