O que já foi um dia o jornal de maior circulação do Norte/Nordeste, além de perder espaço no mercado em vendas e anúncios, hoje está em crise. O jornal A Tarde, recentemente, protagonizou uma ‘novela’ que colocou em xeque a credibilidade do jornalismo que desenvolve há quase 100 anos.
Desde meados do ano passado, a Associação das Empresas do Mercado Imobiliário da Bahia (Ademi) suspendeu os anúncios no periódico. Na tentativa de reaver esse seguimento de mercado, a diretoria do A Tarde resolveu demitir, no dia 8 de fevereiro, o jornalista Aguirre Peixoto. Ele é responsável por uma série de matérias que denunciavam supostas irregularidades ambientais na construção do Parque Tecnológico – obra do Estado e que feria os interesses da Ademi.
Diante disso, a situação saiu do controle, e uma sucessão de problemas foi desencadeado entre a diretoria e a redação do jornal. Não houve consenso sobre a decisão tomada entre os sócios, Sylvio e Renato Simões e Ranulfo Bocayuva, e os jornalistas paralisaram as atividades por duas horas e meia.
Após algumas assembleias e reuniões, o Grupo resolveu readmitir o jornalista. Já o editor-chefe, Florisvaldo Mattos, pediu demissão. Com a crise interna estabelecida, o assunto ganhou repercussão nacional, e Ricardo Noblat, Ricardo Boechat e o site Terra Magazine comentaram o assunto.
Voltando atrás
Após os jornalistas paralisarem as atividades reivindicando a readmissão de Aguirre Peixoto e exigirem que a diretoria do jornal esclareça qual é a linha editorial do periódico, a diretoria do A Tarde admitiu o retorno do jornalista sob a condição de 30 dias de suspensão.
Mas Aguirre disse que só voltaria a trabalhar se não houvesse suspensão. Então, mais uma vez, o alto escalão do jornal teve que rever a decisão e cedeu ao pedido do jornalista.
A diretoria do A Tarde também informou que contratou uma empresa de consultoria para rever a gestão do jornal, e após o Carnaval comunicará à redação a linha editorial do periódico.
Jornal sem comando
Segundo funcionários do A Tarde, em reunião entre a comissão de jornalistas e a diretoria do jornal, foi apontado que a redação do periódico estava sem comando. No mesmo dia, o então editor-chefe do A Tarde, Florisvaldo Mattos, pediu demissão do cargo que assumiu há seis anos. Ele foi aplaudido de pé ao se despedir dos colegas.
Porém, Mattos foi mais brando no comunicado enviado para a redação: “Informo aos prezados colegas que, em encontro cordial com os membros da Direção Executiva, apresentei a minha demissão do cargo de editor-chefe e o meu desligamento dos quadros da Empresa A TARDE, de forma inteiramente livre e espontânea (...)”. O coordenador de conteúdo, Ricardo Mendes, assumiu o cargo.
Órgãos de imprensa também se manifestam
Em carta aberta, os jornalistas do A Tarde apontaram o motivo da demissão do jornalista: “Aguirre Peixoto teve a cabeça entregue em uma bandeja de prata a empresas do mercado imobiliário em uma tentativa de atração/reaproximação com anunciantes deste setor”.
A demissão também chocou os órgãos de imprensa do Estado. No dia 8 de fevereiro, o Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado da Bahia (Sinjorba) enviou uma nota de protesto à imprensa. “Nos últimos anos, a redação do A TARDE vem sofrendo todo tipo de pressão interna, como o objetivo de adequar a reportagem a interesses comerciais e de marketing. Nada poderia estar mais distante do que fazer o bom jornalismo”, critica.
Um dia depois, foi a vez da Associação Bahiana de Imprensa (ABI) se manifestar. “A ABI lamenta e entende o fato como um retrocesso descabido. O episódio desmerece a luta empreendida pela imprensa livre desta terra, que sempre encontrou no povo da Bahia o seu principal aliado e defensor”.
Site fora do ar
No dia 12 de fevereiro, o site do jornal A Tarde ficou fora do ar, e até o dia 17 de fevereiro ainda estava inoperante. A justificativa dada aos funcionários do departamento On Line foi que o site foi alvo da ação de hackers. Especula-se que o problema pode estar ligado à demissão de Aguirre Peixoto. O Grupo não emitiu um comunicado oficial aos assinantes do serviço nem aos leitores do jornal. Durante a semana, o site voltou ao ar algumas vezes, mas foi retirado para que os técnicos verificassem as causas da lentidão.
Depois de ser alfinetado por seguidores no Twitter (@atarde), no dia 16 de fevereiro, A Tarde tentou se justificar por meio do microblog. “A equipe de TI do Grupo A TARDE está em busca de uma solução para a queda do nosso link, via defeito na operadora que nos atende. Lamentamos os transtornos, mas ressaltamos a importância dos testes".
Problema solucionado? Em matéria publicada nesta sexta-feira (18), na edição impressa do A Tarde, a publicação informou que solucionou o ataque de hackers sofrido pelo site da empresa.
Pela manhã, a página estava funcionando. No entanto, quem tentar acessar o endereço pela tarde não vai conseguir ler seu conteúdo, já que o site está fora do ar.
Fonte: Jornal da Metrópole
Desde meados do ano passado, a Associação das Empresas do Mercado Imobiliário da Bahia (Ademi) suspendeu os anúncios no periódico. Na tentativa de reaver esse seguimento de mercado, a diretoria do A Tarde resolveu demitir, no dia 8 de fevereiro, o jornalista Aguirre Peixoto. Ele é responsável por uma série de matérias que denunciavam supostas irregularidades ambientais na construção do Parque Tecnológico – obra do Estado e que feria os interesses da Ademi.
Diante disso, a situação saiu do controle, e uma sucessão de problemas foi desencadeado entre a diretoria e a redação do jornal. Não houve consenso sobre a decisão tomada entre os sócios, Sylvio e Renato Simões e Ranulfo Bocayuva, e os jornalistas paralisaram as atividades por duas horas e meia.
Após algumas assembleias e reuniões, o Grupo resolveu readmitir o jornalista. Já o editor-chefe, Florisvaldo Mattos, pediu demissão. Com a crise interna estabelecida, o assunto ganhou repercussão nacional, e Ricardo Noblat, Ricardo Boechat e o site Terra Magazine comentaram o assunto.
Voltando atrás
Após os jornalistas paralisarem as atividades reivindicando a readmissão de Aguirre Peixoto e exigirem que a diretoria do jornal esclareça qual é a linha editorial do periódico, a diretoria do A Tarde admitiu o retorno do jornalista sob a condição de 30 dias de suspensão.
Mas Aguirre disse que só voltaria a trabalhar se não houvesse suspensão. Então, mais uma vez, o alto escalão do jornal teve que rever a decisão e cedeu ao pedido do jornalista.
A diretoria do A Tarde também informou que contratou uma empresa de consultoria para rever a gestão do jornal, e após o Carnaval comunicará à redação a linha editorial do periódico.
Jornal sem comando
Segundo funcionários do A Tarde, em reunião entre a comissão de jornalistas e a diretoria do jornal, foi apontado que a redação do periódico estava sem comando. No mesmo dia, o então editor-chefe do A Tarde, Florisvaldo Mattos, pediu demissão do cargo que assumiu há seis anos. Ele foi aplaudido de pé ao se despedir dos colegas.
Porém, Mattos foi mais brando no comunicado enviado para a redação: “Informo aos prezados colegas que, em encontro cordial com os membros da Direção Executiva, apresentei a minha demissão do cargo de editor-chefe e o meu desligamento dos quadros da Empresa A TARDE, de forma inteiramente livre e espontânea (...)”. O coordenador de conteúdo, Ricardo Mendes, assumiu o cargo.
Órgãos de imprensa também se manifestam
Em carta aberta, os jornalistas do A Tarde apontaram o motivo da demissão do jornalista: “Aguirre Peixoto teve a cabeça entregue em uma bandeja de prata a empresas do mercado imobiliário em uma tentativa de atração/reaproximação com anunciantes deste setor”.
A demissão também chocou os órgãos de imprensa do Estado. No dia 8 de fevereiro, o Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado da Bahia (Sinjorba) enviou uma nota de protesto à imprensa. “Nos últimos anos, a redação do A TARDE vem sofrendo todo tipo de pressão interna, como o objetivo de adequar a reportagem a interesses comerciais e de marketing. Nada poderia estar mais distante do que fazer o bom jornalismo”, critica.
Um dia depois, foi a vez da Associação Bahiana de Imprensa (ABI) se manifestar. “A ABI lamenta e entende o fato como um retrocesso descabido. O episódio desmerece a luta empreendida pela imprensa livre desta terra, que sempre encontrou no povo da Bahia o seu principal aliado e defensor”.
Site fora do ar
No dia 12 de fevereiro, o site do jornal A Tarde ficou fora do ar, e até o dia 17 de fevereiro ainda estava inoperante. A justificativa dada aos funcionários do departamento On Line foi que o site foi alvo da ação de hackers. Especula-se que o problema pode estar ligado à demissão de Aguirre Peixoto. O Grupo não emitiu um comunicado oficial aos assinantes do serviço nem aos leitores do jornal. Durante a semana, o site voltou ao ar algumas vezes, mas foi retirado para que os técnicos verificassem as causas da lentidão.
Depois de ser alfinetado por seguidores no Twitter (@atarde), no dia 16 de fevereiro, A Tarde tentou se justificar por meio do microblog. “A equipe de TI do Grupo A TARDE está em busca de uma solução para a queda do nosso link, via defeito na operadora que nos atende. Lamentamos os transtornos, mas ressaltamos a importância dos testes".
Problema solucionado? Em matéria publicada nesta sexta-feira (18), na edição impressa do A Tarde, a publicação informou que solucionou o ataque de hackers sofrido pelo site da empresa.
Pela manhã, a página estava funcionando. No entanto, quem tentar acessar o endereço pela tarde não vai conseguir ler seu conteúdo, já que o site está fora do ar.
Fonte: Jornal da Metrópole
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