quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Só pra lembrar o que já foi dito

 Dayse Macedo 
O efeito do voto livre
Ao eleger candidatos como o palhaço Tiririca, o eleitor esquece que esse tipo de político pode ser muito mais nocivos à democracia do que muitas “cobras-criadas” do parlamento

Parece mesmo um bom negócio, a cada dois anos de eleição cada vez mais celebridades do mundo artístico concorrem a cargos políticos em todo o País. O que pode ser conferido nas últimas eleições onde parte dos concorrentes artistas chegaram lá. Uns com votos suficientes e outros campeões de votação e que de quebra, ajudaram e muito o partido ao qual pertencem, graças ao novo sistema eleitoral.
O que se questiona nesses candidatos é o preparo para o cargo que almejam. Considerando que cada postulante deve atender à expectativa do seu eleitor, de sua comunidade, será que eles realmente conhecem os verdadeiros problemas do seu eleitorado e sabem como resolvê-los? E as funções que vão exercer quanto eleitos, sabem direitinho?
A verdade é que muitos desses futuros representantes do povo, nem sabe o que estão fazendo. Vão porque são figuradas conhecidíssimas e foram – propositalmente – convidados pelos partidos.  Ou seja, desconhecem o funcionamento da “maquina política”, por alienação ou por desinteresse.
Mas por que ou por quem de fato eles são eleitos? São por aqueles cidadãos que acreditam que esse tipo de voto é o “voto de protesto”. Votar na “mulher fruta” é ter a mulher no poder, votar no candidato homossexual é garantia de projetos para os gays; votar no artista palhaço é engraçado. Na verdade o voto para esse tipo de candidato acontece mais por inconseqüência do eleitor, do que por motivo sério. E olhe só que absurdo, no caso do palhaço Tiririca, ele ainda usava de “bricadeira” e na propaganda eleitoral dizia: “Abestado, vote no abestado”. Uma clara certeza (da parte dele, do partido ou sabe lá de quem mais) de que o povo não sabe votar. A prova disso é que Tiririca, que briga na justiça pra provar que não é analfabeto, foi eleito com recorde de votos (1,3 mil votos).
Este é o efeito do voto por obrigação. Que mostra que quem elege candidatos “celebridades” está mais apegado ao que o que o candidato faz no seu “habitat natural”, do que o que ele pode fazer na futura vida como parlamentar. São eleitores que desacreditados na política do país e que acabam votando assim, pensando que protestam. Mero engano, esses novos políticos podem ser muito mais nocivos à democracia do que muitas “cobras-criadas” do parlamento.
No texto “Quem aí votou no Tiririca” (editorial do Jornal do Povo, edição de 08/10/210), defende a não obrigatoriedade do voto, alegando que o desconhecimento político de alguns eleitores pode ser o motivo de candidatos absurdos e o perigo para a construção de uma verdadeira democracia. Sim, verdadeira, porque votar por obrigação não é exercer democracia como tanto sustentam por aí. 
A democracia de fato, aconteceria se um povo saísse da alienação política e conhecesse mais a fundo o funcionamento da política seja na sua cidade, estado, país e até mesmo na escola. Isso de “eu não discuto política”, não pode ser admitido, quando se pensa em voto livre, até porque tudo na vida começa e termina com política. Outra boa medida seria exigir que os candidatos apresentem com seriedade  projetos de benefício para a população. E esquecer este argumento que a continuidade da eleição amadurece o eleitor. 
Análise do editorial do Jornal do Povo  - "O Efeito do Voto Livre" (08/10/2010) 


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